A DISPUTA PELA FÉ

Silva, Pedro, História mítica de Portugal, São Paulo: Porto de Idéias, 2010.

       Este é um capítulo que aborda de modo objetivo a história de Portugal, desde o século 12, e a mescla de sua cultura com as culturas judaicas e muçulmanas, que, embora tenham sido grandemente ignorada por boa parte dos historiadores, tiveram um grande papel, e influenciaram Portugal, de modo que hoje não se pode negar, pelos fatos históricos mostrados no capítulo hora analisado pelo autor, de forma contundente.

Os muçulmanos e os judeus, conforme mostro Silva, no começo, conviveram bem, usufruindo da proteção dos primeiros governantes de Portugal, e antes mesmo disso, quando a península Ibérica foi conquistada por Musa Ibn Nosseyr, califa de Damasco.

No governo sob esse califa, os cristãos obtiveram seus templos e foram seguindo seus ritos religiosos, pois não havia ainda essa disputa que se vê hoje em dia, havia harmonia, a convivência entre cristãos e muçulmanos era pacífica, não havia o ódio tão propagado hoje em dia. Nem com os moçárabes eles se davam mal e isto por séculos a fio

A linguagem é bem objetiva, fácil de assimilar, Silva vai desvendando os mistérios que por séculos foi ignorado ou distorcido pelos grandes historiadores, que seja por preconceito ou mesmo ignorância, deixaram passar esses acontecimentos, fundamentais para entender Portugal hoje.

Uma característica importante no capítulo sobre a Disputa pela Fé é que, parece, há um desvendamento do véu que impediu que a apreciação da cultura árabes, moçárabes, e dos cristãos-novos, como foram tratados a partir de certo período da história, por certos reis de Castela e Aragão e Portugal.

A maneira crua que o autor conta todo o ódio com que foi covardemente tratados esse segmento da população de Portugal.  Ele Não poupa ninguém, e não deixa de mostrar um pouco de revolta, mesmo que tênue, contra esse tipo de tratamento que deram a esses seres humanos.

 Pode até causar furor quando ele narra que nem mesmo as crianças foram tratadas bem, o ódio era generalizado, e não tinha limites. Dessa maneira, a impressão que se tem é que não há diferença entre os portugueses dessa época e Hitler e todos os alemães que fizeram parte do que seria o Terceiro Heich. A maldade é a mesma, ou até pior, pois eram cristãos, que, supunha-se, tinham amor no coração.

E Silva não parece se preocupar se vão achar absurdo o que é mostrado na obra, pois ele dosa de fortes indícios históricos tudo o que diz,seja de grandes autores portugueses, e outros documentos,mostra que não é mera suposição nem preconceito por parte de Silva. A verdade é, como se diz, nua e crua.

Paulatinamente, ele vai formando um quadro real, como a Guernica de Picasso, que surpreende pela maneira chocante do tema. E, á medida que as figuras vão ficando mais nítidas, a história de Portugal, pelo menos nessa parte, não fica obscura, como uma tinta opaca no quadro.

É possível afirmar que a abordagem de Silva é uma das melhores dos últimos tempos sobre a história de Portugal, que não deixa o preconceito e atitudes estranhas prejudicarem as verdades históricas, que convenhamos, nem sempre são ditas de forma clara com tem sido feito por esse autor.

 

 

 

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